sábado, setembro 29, 2007

Relembrar quem nunca podemos esquecer...

José Fontinhas nasceu a 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, uma pequena aldeia da Beira Baixa situada entre o Fundão e Castelo Branco, filho de uma família de camponeses. José Fontinhas veio a tornar-se numa das maiores referências da poesia portuguesa na persona de Eugénio de Andrade, poeta falecido há 2 anos.

Eugénio de Andrade era, para mim, um poeta das sensações, do que nos corre pelas veias, do amor silencioso, do que escondemos de nós próprios e, acima de tudo, das esperanças que guardamos, fazendo-nos crer que o mundo não é vazio e oco.



Em póstuma homenagem, aqui fica um poema do mestre:

O Amor

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.

A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.

A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.

Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.

A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma.

Assim é o amor: mortal e navegável.

Obrigado Eugénio de Andrade e até sempre!

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