quarta-feira, setembro 21, 2011

Conquista

"Livre não sou, que nem a própria vida

Mo consente.

Mas a minha aguerrida

Teimosia

É quebrar dia a dia

Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.

Trago-a dentro de mim como um destino.

E vão lá desdizer o sonho do menino

Que se afogou e flutua

Entre nenúfares de serenidade

Depois de ter a lua!"

"Conquista" de Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'





Livres não somos porque condicionados pelo que nos rodeia. Mas o impulso é nosso. A sede é nossa. O medo de nos afirmarmos tem de ser vencido por nós.

E assim crescer. Limitarmo-nos a flutuar até nos afogarmos na mediocridade seria mais fácil e, por paradoxal que soe, reconfortante. Para nós e para muitos dos que nos rodeiam.

Mergulhar num mar que molha o nosso corpo pela primeira vez é sempre assustador. O céu abre-se sem desvendar o tom que irá marcar o novo trilho. O som é confuso mas simultaneamente silencioso.

Mergulha. Abraça a espuma e luta com o mar que te recebe. Submerge e volta a emergir.

Este é um novo ciclo e uma camada de pele sobrevém lentamente. Até que um novo Mar seja descoberto.