quinta-feira, junho 26, 2008

Carta a uma amiga distante...

Há tanto tempo que não te escrevo. Foi necessário sair da rotina do meu quotidiano, que por vezes me sufoca, para te escrever...

Estou neste momento a fazer o roteiro das aldeias históricas de Portugal, as quais se situam maioritariamente na Beira e Norte do País. É óptimo percorrer as suas ruas despidas de modernidade, as gentes puras na sua vivência que se mantém há dezenas de anos, o cheiro que pensava já não existir...


Nesta viagem, fui também visitar a aldeia onde os meus avós maternos viveram durante vários anos e onde viram nascer os quatro primeiros filhos. É incrível a pequenina casa que os albergava a todos, os pequeninos quartos e camas que davam guarida do frio a tantos, de uma só vez.


Ao entrar naquela casa, vi lá personificada o espírito da minha avó - uma mulher de luta, que não desistia perante qualquer adversidade, uma mulher que amava os filhos com todas as suas forças. É admirável ver os sacríficios de outrora e compará-los com as lamurias de hoje...

Nunca pensei que sentisse alguma coisa ao ir lá, já que o veículo condutor de emoções a algo que nunca estive ligado só poderia ser a minha avó e ela, infelizmente, já não se encontra entre nós...Mas as raízes sentem-se. Para além das barreiras que o tempo e a vida nos impõem.


Hoje acordei assim, nostálgico e a querer partilhar este pensamento contigo.

domingo, junho 22, 2008

Aviso a Todos os Estudantes de Medicina!

Se forem estudar para Praga, por favor recordem-se da seguinte mensagem do Magnífico Reitor:

"AO FAZER A MALA PARA IR PARA AS AULAS, POR FAVOR DEIXEM A MÁQUINA FOTOGRÁFICA E A AK-47 EM CASA!

A Saúde agradece!

Com os melhores cumprimentos.

O Reitor"

Cortesia de http://1000-palavras.blogspot.com/

Os Meus Heróis...

Esta noite não consigo deixar de pensar
Que teimo em inverter a verdade das coisas
Valorizar quem apenas aparentemente brilha
Descurando diariamente esforços hercúleos
Em detrimento de artificios e falsas filantropias

Basta!

Quem são os meus heróis?
Eu quero acreditar na imaterialidade da coragem,
Do amor por quem não se conhece
Tudo em nome de um ideal,
De um sonho de criança...

Que ingenuidade estúpida!

Eu quero apontar a um transeunte:
Aí vai o meu herói!
Ainda que à superficie se apresente vulgar
Aí vaí o meu herói

Podíamos todos ser como ele...

terça-feira, junho 10, 2008

Mister Lonely


Paris.

Um sósia de Michael Jackson, que ganha a vida a fazer espectáculos de rua e a animar casas de repouso, conhece acidentalmente uma sósia de Marilyn Monroe.
Marilyn desafia Michael a partir com ela para uma comunidade de imitadores/sósias situada algures na Escócia, onde poderá partilhar os seus dias com um Charlie Chaplin, um Abe Lincoln, um James Dean, uma Madonna, entre outros.

Michael decide ir...e nada será como dantes.




Brilhante exercício de Harmony Korine sobre a identidade individual e colectiva nos dias que correm.

Michael e Marilyn escondem-se atrás das personas dos respectivos ídolos e respondem apenas pelos nomes destes. Talvez se formos reconhecidos como uma celebridade, tudo se torne mais acessível, glamoroso e fácil. Talvez nos sintamos, finalmente, aceites.
No entanto, Michael e Marilyn vão perceber que não podemos fugir eternamente ao que somos..mesmo que não saibamos bem como nos vemos no espelho que reflecte a nossa essência.

A nossa era produz seres completamente desenraizados culturalmente, cujas referências são compradas no pay-per-view norte-americano, ao sabor da apatia e do conformismo consumista.

Que barreiras temos de derrubar, intrínseca e extrínsecamente, para nos sentirmos aceites?
O filme coloca esta pergunta e muitas mais mas é parco em fornecer respostas. A única que ressalta à vista do espectador é a de que ninguém pode escapar à sua natureza, ainda que com ajuda divina tal não passa de uma ilusão temporária.

Filme obrigatório.

O Mensageiro



Hoje fui interpelado por um mensageiro do amor
pelo menos assim se intitulou.
Falou-me tão suavemente de sensações
dispêndios de energia
e desígnios
que não vislumbro há já tanto tempo...

Contou-me histórias (ou seriam estórias?)
de vidas passadas e futuras (como se as conhecesse!)
Assegurou-me que os céus haviam descido à Terra
e que a excepcionalidade se havia fundido com o quotidiano.

Rude vilão!

Pudesse eu acreditar no que sussuras ao meu ouvido
e acabaria como todos os marinheiros:
enleados por um qualquer canto de sereia até à perdição.

Sugado.
Despojado.
Vazio.

Isso Existe?

Amor à primeira vista entre dois adultos? Não! Química aplicada talvez...



O único Amor à primeira vista em que acredito, é quase instintivo...