terça-feira, agosto 28, 2007

A apatia corrói-nos

Quando percorro as ruas frias da cidade de Lisboa, sou assaltado pelos olhos de alguns transeuntes perdidos, perturbados pela olhar vazio de quem os fita friamente...

Indíviduos despojados de nome e dignidade, assim somos nós na grande cidade.

As leis da grande cidade exortam à distância e ao silêncio entre os seus peões e, pelo que oiço apregoar, a apatia é a chave para a segurança no Séc. XXI.



Contudo, tento quebrar este instinto de preservação, muitas vezes sem sucesso. Nem sempre sinto. Nem sempre oiço o meu respirar. Por vezes, pareço ouvir sair um som mecânico da minha cavidade cardíaca. Nesses momentos, felizmente ainda consigo sentir a adrenalina da dúvida que me assola...

Custa vê-los a cada esquina que passo, envoltos em pequenos casulos, protegidos do mundo exterior e do seu pulsar. Surdos porque apenas ouvem o seu mundo. Cegos porquanto decoram os passos da sua rotina, sem necessitar de um segundo olhar.

Receio, a cada nascer do sol, tornar-me um deles...

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