Quando percorro as ruas frias da cidade de Lisboa, sou assaltado pelos olhos de alguns transeuntes perdidos, perturbados pela olhar vazio de quem os fita friamente...
Indíviduos despojados de nome e dignidade, assim somos nós na grande cidade.
As leis da grande cidade exortam à distância e ao silêncio entre os seus peões e, pelo que oiço apregoar, a apatia é a chave para a segurança no Séc. XXI.
Contudo, tento quebrar este instinto de preservação, muitas vezes sem sucesso. Nem sempre sinto. Nem sempre oiço o meu respirar. Por vezes, pareço ouvir sair um som mecânico da minha cavidade cardíaca. Nesses momentos, felizmente ainda consigo sentir a adrenalina da dúvida que me assola...
Custa vê-los a cada esquina que passo, envoltos em pequenos casulos, protegidos do mundo exterior e do seu pulsar. Surdos porque apenas ouvem o seu mundo. Cegos porquanto decoram os passos da sua rotina, sem necessitar de um segundo olhar.
Receio, a cada nascer do sol, tornar-me um deles...
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