O que são as palavras?
Na minha boca podem significar tanto ou tão pouco, ainda que com a mesma entoação.
Eu gosto de pensar nelas como um ponto de encontro com a consciência que tenho de mim.
Adorava tê-las como armas mortíferas, sem necessidade de recarregamento, para enfrentar todas as dificuldades quotidianas.
Sabes, às vezes basta-me usar um par de sílabas para demonstrar a importância que tens para mim...
Usando um poema de Bernardo Pinto de Almeida, tudo parece ecoar melhor neste meu recanto:
Se a tua boca as diz
Se no teu rosto as vejo
As palavras sao coisas
Quando as fere o desejo
E quando dizes mar
E quando dizes norte
Não sei se nao me acerco
De um bocado de morte
E quando dizes barco
Ou quando dizes esfera
Ha aguas que transbordam
E inundam a terra
As palavras sao coisas
As palavras sao um perigo
Se acaso as pronuncias
Quando nao estás comigo
E quando tu adormeces
Muda num sonho fundo
Tudo se desvanece
E deixa de haver mundo.
terça-feira, dezembro 02, 2008
sexta-feira, novembro 28, 2008
Flatliners
"When I can't confront the doubts I have
I can't admit that maybe the past was bad
And so, for the sake of momentum
I'm condemning the future to death
So it can match the past."
Aimee Mann, Momentum in "Magnolia"
É tão ridículo sentir medo de sermos melhores do que somos ou já fomos apenas para não corrermos o risco de falhar.
As dúvidas enquanto elemento paralisante definem a condição humana. Definem-nos a todos.
Será que os mais corajosos apenas o são por se sentirem mais preparados? Arriscam por terem menor probabilidade de falhar?
Serão os mais corajosos apenas o que, tecnicamente, menos se boicotam a eles próprios e aos seus planos?
Talvez tudo se resuma a um mero quadro de riscos, gerido por alguém com alma de segurador.
E nesse quadro, nada melhor do que guardar a irreverência, manter a "normalidade" - na sua pior definição - e queixarmo-nos apaticamente de tudo.
Sermos Flatliners.
I can't admit that maybe the past was bad
And so, for the sake of momentum
I'm condemning the future to death
So it can match the past."
Aimee Mann, Momentum in "Magnolia"
É tão ridículo sentir medo de sermos melhores do que somos ou já fomos apenas para não corrermos o risco de falhar.
As dúvidas enquanto elemento paralisante definem a condição humana. Definem-nos a todos.
Será que os mais corajosos apenas o são por se sentirem mais preparados? Arriscam por terem menor probabilidade de falhar?
Serão os mais corajosos apenas o que, tecnicamente, menos se boicotam a eles próprios e aos seus planos?
Talvez tudo se resuma a um mero quadro de riscos, gerido por alguém com alma de segurador.
E nesse quadro, nada melhor do que guardar a irreverência, manter a "normalidade" - na sua pior definição - e queixarmo-nos apaticamente de tudo.
Sermos Flatliners.
quinta-feira, novembro 27, 2008
She said...
"Why can't you be
Like a waterpik shower massager
A sweet reliable machine
To tell the truth
She don't feel less alone
Water massager’s the purest love she's ever known"
Third Eye Blind , Why Can't You Be? in Ursa Major
Temos todos tão pouco tempo para nos ouvirmos, tão pouca margem para renegar os nossos caprichos...
Seria tudo tão mais fácil se do outro lado da barricada apenas tivéssemos de enfrentar um instrumento mecânico dedicado a dar-nos prazer, com um botão de on & off.
Like a waterpik shower massager
A sweet reliable machine
To tell the truth
She don't feel less alone
Water massager’s the purest love she's ever known"
Third Eye Blind , Why Can't You Be? in Ursa Major
Temos todos tão pouco tempo para nos ouvirmos, tão pouca margem para renegar os nossos caprichos...
Seria tudo tão mais fácil se do outro lado da barricada apenas tivéssemos de enfrentar um instrumento mecânico dedicado a dar-nos prazer, com um botão de on & off.
terça-feira, outubro 07, 2008
We miss that touch so much...
"It's the sense of touch. In any real city, you walk, you know? You brush past people, people bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something." - Crash, de Paul Haggis (2004)
Hoje acordei com uma visão de um dia cinzento em câmara lenta. As pessoas moviam-se por entre a chuva que caía mas sem nunca se confrontarem, desviando-se de toda a matéria que podia chocar com eles.
Ultimamente, tenho sentido uma força incontrolável para o choque, para o desafio.
Acho que percebi que quero ser melhor do que o que sou.
Hoje acordei com uma visão de um dia cinzento em câmara lenta. As pessoas moviam-se por entre a chuva que caía mas sem nunca se confrontarem, desviando-se de toda a matéria que podia chocar com eles.
Ultimamente, tenho sentido uma força incontrolável para o choque, para o desafio.
Acho que percebi que quero ser melhor do que o que sou.
sexta-feira, outubro 03, 2008
Everyday life...
anyone lived in a pretty how town
(with up so floating many bells down)
spring summer autumn winter
he sang his didn't he danced his did
(with up so floating many bells down)
spring summer autumn winter
he sang his didn't he danced his did
Women and men(both little and small)
cared for anyone not at all
they sowed their isn't they reaped their same
sun moon stars rain
children guessed(but only a few
and down they forgot as up they grew
autumn winter spring summer)
that noone loved him more by more
and down they forgot as up they grew
autumn winter spring summer)
that noone loved him more by more
when by now and tree by leaf
she laughed his joy she cried his grief
bird by snow and stir by still
anyone's any was all to her
she laughed his joy she cried his grief
bird by snow and stir by still
anyone's any was all to her
someones married their everyones
laughed their cryings and did their dance
(sleep wake hope and then)they
said their nevers they slept their dream
laughed their cryings and did their dance
(sleep wake hope and then)they
said their nevers they slept their dream
stars rain sun moon
(and only the snow can begin to explain
how children are apt to forget to remember
with up so floating many bells down)
(and only the snow can begin to explain
how children are apt to forget to remember
with up so floating many bells down)
one day anyone died i guess
(and noone stooped to kiss his face)
busy folk buried them side by side
little by little and was by was
(and noone stooped to kiss his face)
busy folk buried them side by side
little by little and was by was
all by all and deep by deep
and more by more they dream their sleep
noone and anyone earth by april
wish by spirit and if by yes.
and more by more they dream their sleep
noone and anyone earth by april
wish by spirit and if by yes.
Women and men(both dong and ding)
summer autumn winter spring
reaped their sowing and went their came
sun moon stars rain
summer autumn winter spring
reaped their sowing and went their came
sun moon stars rain
E.E. Cummings - anyone lived in a pretty how town
O que é isso de consciência?!?
Conversa entre dois seres evolutivos que às vezes são tão burros:
A diz: Comi 1 fatia de pizza estragada e acordei com uma consciência - quis proteger os oprimidos que tem tão menos de oprimidos do que nós tinhamos[16:01:19]
B diz:ninguém disse que ter consciência compensa[16:01:35]
A diz:e o pior é que provavelmente não compensa mesmo[16:02:00]
Fica o silêncio de quem vê tudo resultar ao contrário do pretendido...
A diz: Comi 1 fatia de pizza estragada e acordei com uma consciência - quis proteger os oprimidos que tem tão menos de oprimidos do que nós tinhamos[16:01:19]
B diz:ninguém disse que ter consciência compensa[16:01:35]
A diz:e o pior é que provavelmente não compensa mesmo[16:02:00]
Fica o silêncio de quem vê tudo resultar ao contrário do pretendido...
quinta-feira, junho 26, 2008
Carta a uma amiga distante...
Há tanto tempo que não te escrevo. Foi necessário sair da rotina do meu quotidiano, que por vezes me sufoca, para te escrever...
Estou neste momento a fazer o roteiro das aldeias históricas de Portugal, as quais se situam maioritariamente na Beira e Norte do País. É óptimo percorrer as suas ruas despidas de modernidade, as gentes puras na sua vivência que se mantém há dezenas de anos, o cheiro que pensava já não existir...
Nesta viagem, fui também visitar a aldeia onde os meus avós maternos viveram durante vários anos e onde viram nascer os quatro primeiros filhos. É incrível a pequenina casa que os albergava a todos, os pequeninos quartos e camas que davam guarida do frio a tantos, de uma só vez.
Ao entrar naquela casa, vi lá personificada o espírito da minha avó - uma mulher de luta, que não desistia perante qualquer adversidade, uma mulher que amava os filhos com todas as suas forças. É admirável ver os sacríficios de outrora e compará-los com as lamurias de hoje...
Nunca pensei que sentisse alguma coisa ao ir lá, já que o veículo condutor de emoções a algo que nunca estive ligado só poderia ser a minha avó e ela, infelizmente, já não se encontra entre nós...Mas as raízes sentem-se. Para além das barreiras que o tempo e a vida nos impõem.
Hoje acordei assim, nostálgico e a querer partilhar este pensamento contigo.
Estou neste momento a fazer o roteiro das aldeias históricas de Portugal, as quais se situam maioritariamente na Beira e Norte do País. É óptimo percorrer as suas ruas despidas de modernidade, as gentes puras na sua vivência que se mantém há dezenas de anos, o cheiro que pensava já não existir...
Nesta viagem, fui também visitar a aldeia onde os meus avós maternos viveram durante vários anos e onde viram nascer os quatro primeiros filhos. É incrível a pequenina casa que os albergava a todos, os pequeninos quartos e camas que davam guarida do frio a tantos, de uma só vez.
Ao entrar naquela casa, vi lá personificada o espírito da minha avó - uma mulher de luta, que não desistia perante qualquer adversidade, uma mulher que amava os filhos com todas as suas forças. É admirável ver os sacríficios de outrora e compará-los com as lamurias de hoje...
Nunca pensei que sentisse alguma coisa ao ir lá, já que o veículo condutor de emoções a algo que nunca estive ligado só poderia ser a minha avó e ela, infelizmente, já não se encontra entre nós...Mas as raízes sentem-se. Para além das barreiras que o tempo e a vida nos impõem.
Hoje acordei assim, nostálgico e a querer partilhar este pensamento contigo.
domingo, junho 22, 2008
Aviso a Todos os Estudantes de Medicina!
Se forem estudar para Praga, por favor recordem-se da seguinte mensagem do Magnífico Reitor:
"AO FAZER A MALA PARA IR PARA AS AULAS, POR FAVOR DEIXEM A MÁQUINA FOTOGRÁFICA E A AK-47 EM CASA!
A Saúde agradece!
Com os melhores cumprimentos.
O Reitor"
Cortesia de http://1000-palavras.blogspot.com/
"AO FAZER A MALA PARA IR PARA AS AULAS, POR FAVOR DEIXEM A MÁQUINA FOTOGRÁFICA E A AK-47 EM CASA!
A Saúde agradece!
Com os melhores cumprimentos.
O Reitor"
Cortesia de http://1000-palavras.blogspot.com/
Os Meus Heróis...
Esta noite não consigo deixar de pensar
Que teimo em inverter a verdade das coisas
Valorizar quem apenas aparentemente brilha
Descurando diariamente esforços hercúleos
Em detrimento de artificios e falsas filantropias
Basta!
Quem são os meus heróis?
Eu quero acreditar na imaterialidade da coragem,
Do amor por quem não se conhece
Tudo em nome de um ideal,
De um sonho de criança...
Que ingenuidade estúpida!
Eu quero apontar a um transeunte:
Aí vai o meu herói!
Ainda que à superficie se apresente vulgar
Aí vaí o meu herói
Podíamos todos ser como ele...
Que teimo em inverter a verdade das coisas
Valorizar quem apenas aparentemente brilha
Descurando diariamente esforços hercúleos
Em detrimento de artificios e falsas filantropias
Basta!
Quem são os meus heróis?
Eu quero acreditar na imaterialidade da coragem,
Do amor por quem não se conhece
Tudo em nome de um ideal,
De um sonho de criança...
Que ingenuidade estúpida!
Eu quero apontar a um transeunte:
Aí vai o meu herói!
Ainda que à superficie se apresente vulgar
Aí vaí o meu herói
Podíamos todos ser como ele...
terça-feira, junho 10, 2008
Mister Lonely
Paris.
Um sósia de Michael Jackson, que ganha a vida a fazer espectáculos de rua e a animar casas de repouso, conhece acidentalmente uma sósia de Marilyn Monroe.
Marilyn desafia Michael a partir com ela para uma comunidade de imitadores/sósias situada algures na Escócia, onde poderá partilhar os seus dias com um Charlie Chaplin, um Abe Lincoln, um James Dean, uma Madonna, entre outros.
Michael decide ir...e nada será como dantes.
Brilhante exercício de Harmony Korine sobre a identidade individual e colectiva nos dias que correm.
Michael e Marilyn escondem-se atrás das personas dos respectivos ídolos e respondem apenas pelos nomes destes. Talvez se formos reconhecidos como uma celebridade, tudo se torne mais acessível, glamoroso e fácil. Talvez nos sintamos, finalmente, aceites.
No entanto, Michael e Marilyn vão perceber que não podemos fugir eternamente ao que somos..mesmo que não saibamos bem como nos vemos no espelho que reflecte a nossa essência.
A nossa era produz seres completamente desenraizados culturalmente, cujas referências são compradas no pay-per-view norte-americano, ao sabor da apatia e do conformismo consumista.
Que barreiras temos de derrubar, intrínseca e extrínsecamente, para nos sentirmos aceites?
O filme coloca esta pergunta e muitas mais mas é parco em fornecer respostas. A única que ressalta à vista do espectador é a de que ninguém pode escapar à sua natureza, ainda que com ajuda divina tal não passa de uma ilusão temporária.
Filme obrigatório.
O Mensageiro
Hoje fui interpelado por um mensageiro do amor
pelo menos assim se intitulou.
Falou-me tão suavemente de sensações
dispêndios de energia
e desígnios
que não vislumbro há já tanto tempo...
Contou-me histórias (ou seriam estórias?)
de vidas passadas e futuras (como se as conhecesse!)
Assegurou-me que os céus haviam descido à Terra
e que a excepcionalidade se havia fundido com o quotidiano.
Rude vilão!
Pudesse eu acreditar no que sussuras ao meu ouvido
e acabaria como todos os marinheiros:
enleados por um qualquer canto de sereia até à perdição.
Sugado.
Despojado.
Vazio.
Isso Existe?
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