"Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!"
"Conquista" de Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
Livres não somos porque condicionados pelo que nos rodeia. Mas o impulso é nosso. A sede é nossa. O medo de nos afirmarmos tem de ser vencido por nós.
E assim crescer. Limitarmo-nos a flutuar até nos afogarmos na mediocridade seria mais fácil e, por paradoxal que soe, reconfortante. Para nós e para muitos dos que nos rodeiam.
Mergulhar num mar que molha o nosso corpo pela primeira vez é sempre assustador. O céu abre-se sem desvendar o tom que irá marcar o novo trilho. O som é confuso mas simultaneamente silencioso.
Mergulha. Abraça a espuma e luta com o mar que te recebe. Submerge e volta a emergir.
Este é um novo ciclo e uma camada de pele sobrevém lentamente. Até que um novo Mar seja descoberto.